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By Ferramentas Blog

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PRÊMIO MARIA THERESA PACHECO

PRÊMIO MARIA THERESA PACHECO

Inscrições abertas para o Prêmio Profa. Maria Theresa Pacheco


Estão abertas até 30/5 as inscrições para o Prêmio Profa. Maria Theresa Pacheco, destinado a profissionais das áreas médica e jurídica, assim como estudantes que estejam cursando o último semestre do curso de medicina ou direito. A área escolhida para a primeira edição do prêmio é Medicina Legal.
Os interessados em participar devem apresentar trabalho em forma de artigo científico obedecendo as orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Informações e inscrições no site da Fundação José Silveira, do Instituto Geraldo Leite ou pelo telefone (11) 3504-5174.
 
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A comunidade científica e cultural do Brasil ganha mais um meio de divulgação. É o Prêmio Professora Maria Theresa Pacheco, uma realização do Instituto Geraldo Leite,  Fundação José Silveira (FJS) e Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em parceria com a Academia Baiana de Educação, a Academia de Cultura da Bahia, a Academia de Educação de Feira de Santana, o Conselho Regional de Medicina da Bahia, a Associação Baiana de Medicina, a Liga Baiana Contra o Câncer, a Clisa, o Instituto Baiano de História da Medicina e Ciências Afins, a Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Católica do Salvador e outras instituções.
O lançamento aconteceu no dia 21 de outubro, no auditório da Fundação José Silveira (Ladeira do Campo Santo, s/n, Federação), ocasião em que as Instituições envolvidas apresentaram o Regulamento da referida premiação. O Prêmio, de âmbito nacional, é uma maneira de homenagear a Profa. Maria Theresa,  tornando seu trabalho mais conhecido do público e, além disso, incentivar o desenvolvimento da pesquisa na Bahia e no Brasil.  Podem concorrer ao referido prêmio profissionais (ou estudantes do último semestre) dos cursos de graduação em medicina e ciências jurídicas.
O Prêmio é bianual e constará de medalha comemorativa, além de R$ 10.000,00.
                       INSTITUTO                GERALDO LEITE 
RAZÃO DE UMA ENTIDADE

O INSTITUTO GERALDO LEITE nasceu da preocupação de um grupo de idealistas com o problema da “re-humanização” da Medicina. Dizemos “re-humanização” porque, desde os tempos mais remotos, a medicina é uma ciência  humanística.
Diz Dante Gallian, que “em sua origem, a Medicina Ocidental era uma ciência essencialmente humanística.”(1)
Jaeger afirma que “de todas as ciências humanas então conhecidas, incluindo a Matemática e a Física, é a Medicina a mais afim da ciência ética de Sócrates” (3).  “Suas raízes se assentavam no solo da filosofia da natureza e seu sistema teórico partia de uma visão holística que entendia o homem como ser dotado de corpo e espírito.” (1)
Hipócrates afirmava, há quase dois mil e quinhentos anos, que “as doenças não são consideradas isoladamente e como um problema especial, mas é no homem, vítima da enfermidade, com toda a natureza que o rodeia, com todas as leis universais que a regem e com a qualidade individual de cada um, que o médico se fixa com segura visão” (2).
As causas das doenças “deveriam ser buscadas não apenas no órgão ou mesmo no organismo enfermo, mas também, e principalmente, no que há de humano no homem: a alma. Mais do que um biólogo, mais do que um naturalista, o médico deveria ser, fundamentalmente, um humanista. Um sábio que, na formulação do seu diagnóstico, leva em conta não apenas os dados biológicos, mas também os ambientais, culturais, sociológicos, familiares, psicológicos e espirituais. O médico clássico, portanto, era antes  de tudo um filósofo; um conhecedor das leis da natureza e da alma humana.” (1).
Esse modelo, isto é, essa concepção de médico e de Medicina foi o que permaneceu durante muitos séculos, apesar de algumas mudanças e transformações.
Os médicos da Grécia Antiga e do Império Romano herdaram, com discretas modificações, a medicina hipocrática.

Na Idade Média, não obstante as invasões dos bárbaros e a difusão do Cristianismo e do Islamismo, conservou, de certo modo, o pensamento filosófico e científico ocidental e oriental, de modo que a Medicina permaneceu com seu patrimônio clássico.
Grandes médicos, como Avicena, Averrois, Isidoro de Servilha e muitos outros praticaram e difundiram a medicina hipocrática e tinham Hipócrates e Galeno como paradigmas.
Ao surgir o Renascimento, muitos dos postulados clássicos da Medicina começaram a ser alterados, em virtude do espírito investigativo que começou a surgir.
Michelangelo revolucionou a anatomia e Vesalius contestou Hipócrates mas, apesar deles, a concepção filosófica da medicina continuou humanística.
O primeiro golpe no conhecimento médico da Antiguidade surgiu no século XVII.
Apesar desse golpe, o Iluminismo, não obstante ter estabelecido as bases do método científico contemporâneo, reconheceu o caráter amplamente humanístico da Medicina, afirmando que a ciência hipocrática é , ao mesmo tempo, ciência e arte.
Bichat, um dos primeiros arautos da Medicina que iria nascer no século XIX, afirmou, em  1796, que “a arte médica devia pagar um tributo a todas as ciências humanas”, e concluiu afirmando que “a teoria médica será tanto mais sábia e melhor estabelecida quanto mais intimamente se identificar com a ciência das relações” (5).
No século XIX, não obstante o desenvolvimento do “método experimental”, a visão humanística da Medicina continuou acatada por várias gerações de médicos (1).
É bem  verdade que o  “método experimental” difundiu  “uma imagem romântica do médico sábio, conhecedor dos avanços científicos no campo da clínica, da patologia, da farmacologia, mas também amante da literatura, da filosofia e da história”. (Ibidem). No dizer de Gallian, o médico de então era um “homem culto que aliava seus conhecimentos científicos com os humanísticos e utilizava ambos na formulação dos seus diagnósticos e prognósticos. Era um conhecedor da alma humana e da cultura em que se inseria, já que invariavelmente andava muito próximo de seus pacientes – como médico de família que era – e este respeitável doutor sabia que curar não era uma operação meramente técnica, mas, fundamentalmente, humano-científica; uma operação que envolvia elementos de caráter cultural e psicológico” (Ibidem).
Este médico de família, hoje de saudosa memória, vivia inserido em seu meio sociocultural, fazia com que a profissão não ficasse restrita ao ato de curar ou não as enfermidades. “Ele era também aquele que, frente aos limites e impossibilidades médicas, sabia acompanhar o enfermo e seus familiares, ajudando-os no sofrimento, na preparação para a morte, além de intervir como orientador nos assuntos mais diversos, tais como o despertar da sexualidade nos adolescentes, os problemas de relacionamento do casal e inúmeras outras questões da vida familiar” (1).
A história da humanidade é cheia de contrastes. Esse mesmo século XIX, que durante seus primeiros cinqüenta ou sessenta anos, aplaudiu e consagrou a moderna Medicina Humanística, tornou-se responsável pelo início de uma crise sem precedentes na profissão.
A partir da segunda metade daquele século fatídico, as descobertas de Pasteur, Lister, Koch e outros luminares, desencadearam verdadeiro terremoto na patologia, criando profundas transformações na ciência médica: A  Patologia Clínica, e outros recursos subsidiários incrementaram uma nova formulação de diagnóstico.
Durante o século XX, o aparecimento das sulfas e de outros fármacos, da penicilina e demais antibióticos, deu inicio a uma nova mentalidade.
 No dizer de Gallian, “Assistia-se a um verdadeiro “milagre”. Tudo dava a entender que a medicina estava prestes a atingir a sua idade de ouro, o seu estágio de “ciência exata”. Tais progressos no campo das ciências físicas, químicas e biológicas, aliados ao desenvolvimento tecnológico, foram, cada vez mais, redirecionando a formação e a atuação do médico, modificando, portanto,  sua escala de valores.
O desenvolvimento da assistência social, a universalização da assistência médica, o atendimento em massa e a proliferação das faculdades de medicina, sobretudo no Brasil, agravaram a situação.
O paciente deixou de ser um ser humano e passou a ser encarado como um número, um simples dado estatístico. O ato médico foi transformado em uma aberração.
A trágica realidade é que “na  medida em que o prestígio das ciências experimentais foi crescendo, o das ciências humanas foi-se esvaziando no meio médico” (1). A chave do conhecimento deixou a experiência do passado e as intuições artísticas ou filosóficas e passou a ser um estudo atento e sistemático do comportamento físico-químico dos órgãos, tecidos e células.
A partir da segunda metade do século XX, a ruptura foi-se tornando cada vez mais forte, à medida que novos conhecimentos científicos foram implantados. As descobertas, nos campos do diagnóstico por imagem, da biologia molecular e das pesquisas do genoma, arrastaram a chave do conhecimento médico para o campo das ciências experimentais.
Voltando a Gallian, podemos dizer que visto desta forma, as ciências humanas – a história, a filosofia, a literatura – não têm mais nada a dizer à Medicina, a não ser louvar as suas lutas e conquistas e relatar a sua tremenda evolução. Ainda que, obviamente, um verniz humanístico nunca deixe de ser algo apetecível ao bom médico, que zela pela sua imagem de intelectual livre-pensador, e  em última análise, este deve  preocupar-se com as questões de relacionamento médico-paciente. De fato, todo esse processo de supervalorização das ciências biológicas, da super-especialização e dos meios tecnológicos, que acompanharam o desenvolvimento da Medicina nestas últimas décadas, trouxe como conseqüência a “desumanização” do médico. O médico foi-se transformando, cada vez mais, em um técnico, um especialista, um profundo conhecedor de exames complexos, precisos e especializados, porém, em muitos casos, ignorante dos aspectos humanos. E isso, não apenas por força das exigências de uma formação cada vez mais especializada, mas também em função das transformações nas condições sociais de trabalho que tenderam a transformar o médico em um proletário, restringindo sua  disponibilidade para o contato com o paciente.
 Estes dilemas de ordem ética são apenas uma parte – parte importantíssima, sem dúvida -- porém não exclusiva – da questão. A “desumanização” da medicina deve ser encarada não apenas do ponto de vista ético, mas também do ponto de vista epistemológico” (1).
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Os fundadores do INSTITUTO GERALDO LEITE estão convencidos de  que “o remédio mais eficiente na relação médico-paciente é o próprio médico, o qual, como os demais medicamentos, precisa ser conhecido em sua posologia, efeitos colaterais e toxidade” ( 6)
Continuando com o mesmo A., transcrevemos na íntegra, o relato de um dos seus trabalhos mais conhecidos:
“Balin Balint foi um médico psiquiatra inglês, que criou grupos de orientação aos profissionais da área de saúde, após verificar que, com freqüência, era chamado para dar parecer em pacientes hospitalizados, que não tinham patologias mentais, mas apresentavam sintomas mentais reacionais, quadros de distúrbios de comportamento porque não sabiam porque tinham sido internados, qual a sua patologia e tratamento. Muitas vezes eram submetidos a procedimento cirúrgico sem qualquer explicação. Isso pode, atualmente, soar como absurdo, mas na época a prepotência dos profissionais em relação ao doente era enorme.
Balint passou  a reunir profissionais do hospital, avaliando a dificuldade que tinham em se relacionar com os doentes, mostrando que, muitas vezes, esse era um mecanismo de defesa diante da dor, sofrimento e morte. A  reação de ansiedade dos pacientes cedia quando Balint explicava porque tinham sido internados e qual o tratamento a que estavam sendo submetidos. Os grupos Balint proliferaram em todo mundo, tornando a medicina mais humanizada, tanto para o paciente como para os próprios profissionais da área de saúde. Não são grupos terapêuticos, mas médicos, enfermeiros, entre outros, dispostos a discutir suas dificuldades pessoais de seus pacientes. A relação entre profissionais da área de saúde, especialmente entre o médico e seu paciente, vai depender de como se estabelece o rapport. A pessoa do médico deve ser trabalhada no seu aspecto emocional para poder suportar a angústia dos enfermos, para ter a capacidade de observar e compreendê-los, sem deixar que seus problemas pessoais possam interferir no processo de diagnóstico e do tratamento. Saber escutar, poder entender o que o doente está querendo dizer e saber  transmitir, em linguagem compreensível para o leigo, o que tecnicamente está percebendo. Não é suficiente conhecer a enfermidade, é fundamental conhecer o enfermo. É importante que o médico procure conhecer a si mesmo,  visto que profissionais, com os mesmos conhecimentos e a mesma técnica, podem ter resultados distintos, dependendo da atitude de cada um diante do seu paciente.
A relação médico-paciente pode conduzir a efeitos iatrogênicos e o desconhecimento do poder das palavras pode conduzir o médico a fazer mal uso delas, inclusive causando traumas. Sentimentos difíceis, por parte do médico, como insegurança, superioridade e indiferença podem torná-lo um profissional inapto para lidar com pessoas doentes, que pela própria condição, tornam-se vulneráveis e frágeis. A experiência e o respeito do médico perante seu paciente devem vir acompanhados por um desejo altruísta de servir, ter um profundo conhecimento da natureza humana e a capacidade de observação livre de preconceitos, o que torna a arte de curar distinta de qualquer outra técnica, porque requer amor ao próximo” (Ibidem).
Afirma a mesma fonte : “O médico deve ter uma excelente formação em comunicação, disciplina que é estudada exaustivamente em outras profissões. Essa é uma deficiência nos cursos da área de saúde, onde saber se comunicar é fundamental. A linguagem não verbal deve ser observada, com o mesmo cuidado com que se escuta o que o paciente verbaliza. É  importante permitir que o paciente fale da sua subjetividade, escutando o enfermo numa atitude de aceitação e compreensão” (6).
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Trabalho semelhante, admirado em todos os países do oriente e do ocidente, no Velho e no Novo Mundo, é o da Dra. Elisabeth Kubler Ross, recentemente falecida.
Seu trabalho, junto aos doentes terminais e familiares, serviu de estímulo a milhares de médicos e demais profissionais de saúde.
Para concluir, citaremos da Dra. Elisabeth Kubler Roos, alguns trechos do prefácio por ela escrito para o livro “Vida Depois da Vida”, de autoria do Dr. Raymond Moody Jr., os quais revelam até que ponto deveremos levar a sério a questão da re-humanização da Medicina: “Embora o Dr. Moody não pretenda ter estudado a própria morte, fica evidente, pelas suas descobertas, que o paciente moribundo continua a ter informação consciente do seu ambiente depois de ter sido declarado clinicamente morto. Isso coincide em muito com a minha própria pesquisa, que utilizou relatos de pacientes que morreram e vieram de volta, totalmente contra nossas expectativas e muitas vezes para surpresa de alguns médicos bem conhecidos, altamente especializados e  competentes”
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Esse foi o escopo  que motivou os sócios fundadores do INSTITUTO GERALDO LEITE  criarem uma instituição inteiramente devotada à melhoria da relação médico-paciente ou, simplesmente, à “re-humanização” da Medicina.
Para a realização de tal objetivo, o IGL oferecerá cursos de pós-graduação Latu sensu, com ênfase em qualificação de recursos humanos na área de saúde e “re-hipocratização”da assistência médica. 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.        Gallian, Dante Marcelo Claramonte- A re(humanização)    da Medicina. Disponível em http://www.hottopos.com/convenit2/rehuman.htm. Acesso em 23 de agosto de 2009.
2.        Hipocrates – De La Medicina Antigua (vers. Conrado Eggers) México. Universidade Nacional Autónoma. 1987.
3.        Jaeger, Werner. Paidéia. A formação do homem grego. São Paulo, Martins Fontes, 1995.
4.        Moody, Raymond Jr.-Vida Depois da Vida. 16ª edição. Nórdica  Ltda. São Paulo, 1979.
5.        Oliveira, Antônio Bernardes de- A Evolução da Medicina até o início do século XX. São Paulo, Pioneira/Secretaria de Estado da Cultura, 1981.
6.        Santos, Hercy- Humanização da Medicina. Disponível em http://shvoong.com/humanities/471655-humaniza%C3%A7%C3%A3o-da medicina/ Acesso  em 23 de agosto de 2009.
     

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