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By Ferramentas Blog

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

AVULSO- SILVA LIMA




AVULSO- SILVA LIMA

Parte da conferência pronunciada na Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública

Geraldo Leite

J
OSÉ FRANCISCO DA SILVA LIMA, o último sobrevivente da Escola de Tropicalistas da Bahia, nasceu em 15 de Janeiro de 1826, na Vila de Vilarinho, em Portugal.
  Português por nascimento, amou a Bahia como poucos baianos. Quando foi colocada a pedra fundamental do “Pavilhão Silva Lima”, no complexo do Hospital Santa Isabel, disse ARISTIDES NOVIS: “Do seu leito de sofrimento, em 1908, dirigiu SILVA LIMA à Comissão das festas do centenário do ensino médico no Brasil, carta congratulatória nos seguintes termos: “Não é no uso de um direito como membro da classe médica baiana, embora de todos o mais humilde, que aqui venho ocupar por momentos a vossa benévola atenção; é também no cumprimento de um dever de gratidão a esta terra generosa e hospitaleira, onde tive o meu nascimento intelectual e adquiri a instrução e a  cultura que me permitiram minhas fracas aptidões (2).
Pisou as terras baianas em 1840, aos 14 anos de idade. Matriculou-se na Faculdade de Medicina em 1846, recebendo a láurea doutoral com raro brilhantismo em 1852, ano em que  defendeu tese intitulada “Dissertaçâo filosófica e crítica acera da fôrça  mediatriz da natureza” Ao defender o seu trabalho inaugural, mostrou –se  SILVA LIMA – “ardoroso penegirista do sistema médico da escola de Montpellier, sendo o primeiro convertido às novas idéias daqueles insignes pioneiros do método experimental” (  ). Acrescenta  o mesmo Autor, servindo-se da mesma fonte: “SILVA LIMA  integra, de imediato, o grupo dos vitalistas e, numa conjugação de esforços, a todos os respeitos digna de encômios passa a colaborar com eles na solução dos magnos problemas da nossa patologia.” E mais: “Os assuntos debatidos, com apresentação de doentes, nas célebres “conversazioni” ou palestras noturnas instituídas em 1865 pelo Dr. PATERSON, mereciam, , pela sua importância, ampla divulgação.”  Das referidas palestras, das quais além dos três renomados tropicalistas participavam outros médicos de renome, nasceu a idéia de fundarem, no sano seguinte, o primeiro jornal médico do Brasil, isto é, a GAZETA MÉDICA DA BAHIA.
Diz JOSÉ RIBEIRO DO VALE : “A publicação, na Bahia, da GAZETA MÉDICA, a partir de 10 de julho de 1866, por facultativos diferenciados, competentes e idealistas, constitui, sem dúvida alguma, acontecimento marcante na história da Medicina no Brasil. Os primeiros volumes da preciosa revista, editados sob a direção de VIRGÍLIO CLÍMACO DAMÁZIO, ANTÕNIO PACÍFICO PEREIRA, DEMÉTRIO CIRÍACO TOURINHO E JOSÉ FRANCISCO DA SILVA LIMA, trazem nas suas páginas amrelecidas a contribuição científica e profissional de um grupo de médicos estudiosos, inteligentes da que se convencionou chamar Escola Tropicalista Bahina, tão bem descrita, em 1951, por ANTÕNIO CALDAS CONI (  ).
Nas páginas da GAZETA MÉDICA, verdadeiro prodrígio da imprensa médica de nosso país, encontramos o que de mais importante existiu naquela época, e de modo espeicial durante os primeiros cinqüenta anos de sua existência ( 1866 / 1916) : a luta contra o charlatanismo, a prática da medicina  e pelas mulheres, a realsitutação das condições sanitárias da Província, a profilaxia e o combate à febre amarela, à  cólera e a malária, os relatórios médicos referentes à guerra do Paraguai e artigos originais da maior importância e atualidade. Dentre tais artigos destacamos os de OTTO WUCHERER sobre a hipoemia intertropical, a descrição e a patologia do Ancylostoma duodenale  e sobre as cobras venosas do Brasil; os estudos de SILVA LIMA  sobre o beri-beri,  o ainhum, etc., etc.
Ressaltando a afirmação de CALDAS CONI, referida linhas acima, diz RODOLFO TEIXEIRA que a Escola Tropicaista Bahiana  e a Gazeta Médica da Bahia são os aconteci mentos mais importantes da vida médica baiana, no período compreendido entre 1855 e 1905.  A respeito de ambos os feitos diz, textualmente: “A iniciativa não nasceu na Faculdade de Medicina; foram profissionais médicos, que clinicavam na cidade, sem nenhum compromisso com o ensinooficial, a que se agregaram alguns lentes da própria Faculdade, que idelizaram e materializaram a criação da gazeta e do núcleo de pesquisa”.
Nomeando-os, o referido Autor, põe em primeiro lugar JOSÉ FRANCISCO DA SILVA LIMA, logo seguido de OTTO EDWARD WUCHERER E JOHN LIGERTWOOD PATERSON.
Naquela época, como hoje, em meados do século dezenove tal como na alvorada do século vinte e um, a Ética Médica tem se mantido bem viva no exercício da profissão, sobretudo no seio do corpo clínico da Bahia. Na falta de um Código nacional, publicou a GAZETA MÉDICA DA BAHIA, em seu segundo ano de existência, isto é, em 1867, cópia do Código de Ética Médica adotado pela Associação Médica dos Estados Unidos, conclamando que os médicos brasileiros, na ausência de um Código próprio, seguissem alutares e os princípios preconizados pelos colegas norte-americanos em suas    relações com os seus clientes, com as autoridades judiciais e administrativas e com os seus colegas. Partiu a iniciativa do Dr. SILVA LIMA, um dos fundadores e influente colaborador da Gazeta. Escreveu a propósito da iniciativa o Dr. ANTÕNIO PACÍFICO PEREIRA, em sua inestimávelMemória  Sobre a Medicina na Bahia”, editada por ocasião do Centenário da Independência Baiana:  “Prefaciando tão oportuna publicação, o Dr. SILVA LIMA apreciou o exercício da medicina entre nos, o modo porque é favorecido o charlatanismo impudente e ousado em menospreso dos facultativos legal e devidamente qualificados, e o que é pior, a tendência progressiva e perniciosa de aluns membros da profissão a imitar as práticas condenáveis dos falsos médicos, levados ou pela cobiça de um lucro deshonestamente extorquido ao público ou pela ambição de uma fama conquistada por meios ilegítimos”.
São palavras textuais de SILVA LIMA, o grande clínico, pesquisador, experimentalista e incondicional defensor da ética na profissão: “Transladar para as colunas da Gazeta o código dos deveres a que é obrigado o médico na sociedade, foi o nosso primeiro pensamento e dando-lhe imediata execução não cumprimos um indeclinável dever que nos impõe a conciência, mas substituímos a quaesquer considerações que nos sugerisse a importância do assunto, os salutares preceitos emanados de tão legítima e competente autoridade como é a principal associação do continente da América;  autoridade tanto mais insuspeita e aceitável pra nós, quanto nos vem de um povo ilustrado e amigo, educado á somb ra de instituiçlões libérrimas como as nossase que sabe subordinar a liberdade do cidadão aos princípios da justiça e da honestidade, qualquer que seja a sua posição na ordem social
Este aspecto, o do irrestrito respeito a ética médica, foi, durante toda a sua vida profissional, o grande norte, o maior objetivo, o farol da sua invejável e trepidente existência !   
Em 1862,  naturalizou-se cidadão brasileiro e, “em pouco tempo se fez a sua aproximação com ao soia homens de mais renome na Bahia, isto é, OTTO WUCHERER e PATERSON, o primeiro sábio e publicista; o segundo prático por excelência, o “doutor inglês”, como era conhecido pelo povo (GAZETA MÉDICA DA BAHIA – Vol. XLI – nº 8, fev de 1910, pg. 353
       E  continua ARISTIDES NOVIS: “Espírito culto, dotado de rara penetração dos fatos mórbidos, SILVA LIMA era o centro de atração da mocidade estudiosa do seu tempo, que dele se acercava, sequiosa, para dos seus lábios haurir a avisada palavra do clínico, veículo suave da erudição profunda  que desfrutava, e a cujo condão muitas dúvidas se dissipavam, até mesmo da gente  provecta, nos embaraços com a profissão.
. Reunia excelentes qualidades de mestre, e o era, de fato, sem ser professor”. Sua carreira foi meteórica. Ao lado de WUCHERER e PATERSON constituiu a Escola Tropicalista da Bahia, sendo ele, sem dúvida, o primeiro helmintologista do Brasil.”
“ Foi extraordinária a obra do homem de ciência, do investigador e sábio tropicalista que tantos triunfos granjeou para si e para a sua terra adotiva” , diz a “Gazeta Médica da Bahia”.  E completa,  a referida fonte: “Nas edições compreendidas entre 1866, ano inaugural da Gazeta, e 1908, ano da morte do grande sábio, encerra-se quase uma centena de produções do mais subido valor, dentre as quais fazem jus e especial menção as referentes ao ainhum (ouMoléstia de Silva Lima”), à febre amarela, à ancilostomíase, ao beri-beri e à filaríase, algumas em colaboração com WUCHERER e PATERSON - a tríade gloriosa, a cujos salutaríssimos exemplos a Bahia médica assumiu e tem sabido honrar o compromisso de não deixar-se jamais dominar pela apatia, que existe, em verdade, para alguns indigentes da vista, dos mais infelizes, por que não sabem ou não querem enxergar”.
“Na vigência do Segundo Reinado – diz CALDAS CONI – constituiu-=se a Bahia, talvez, o maior centro de cultura médica da América do Sul, graças a originais trabalhos de pesquisa científica nela empreendidos por três investigadores estrangeiros; o alemão WUCHERER, o inglês PATERSON e o português SILVA LIMA

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