English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
By Ferramentas Blog

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

CLAUDEMIRO AUGUSTO DE MORAIS CALDAS (CLAUDEMIRO CALDAS)

CLAUDEMIRO AUGUSTO DE MORAIS CALDAS

ALEGORIA: A SÍFILIS

*

Nasceu em Salvador, no ano de 1946 e faleceu, também em Salvador, em 1883 (2 ) ou 1884 (1 ).
Em 1871, foi Opositor, por concurso, da Seção de Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Bahia. De 1881 a 1883, assumiu a cátedra de Higiene e História da Medicina, sucedendo a Domingos Rodrigues Seixas.
Professor interino de Fisiologia, de Terapêutica e de Higiene.
Foi um dos primeiros sifilógrafos do  Brasil.
Além de médico competente e professor conceituado,  foi poeta e articulista.
De sua autoria é a Memória Histórica da Faculdade de Medicina, referente ao ano de 1881, bem como:
1.    Ligeiras considerações acerca das principais teorias sifilográficas, publicada na Gazeta Meddica da Bahia, vol. 1, 1866-1867.
2.    As raças humanas provieram de uma só origem? – Tese de doutoramento, Bahia, 1868.
3.    Funções do fígado. Tese de concurso para Opositor da Seção de Ciências Médicas. Bahia, 1871.
Citando o necrológio publicado pela Gazeta Médica da Bahia, diz Sá Menezes que o Prof. Claudemiro Caldas “conquistou sempre no magistério a admiração de seus discípulos  pelas cintilações de uma inteligência privilegiada servida por uma palavra fácil, e sempre adornada e atraente”.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.      Blake, Augusto Vitorino Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893. 2V.
2.      Sá Oliveira, Eduardo de – Memória Histórica da Faculdade de Medicina, concernente ao ano de 1942.  Salvador, 1992.



APÊNDICE I
A SÍFILIS




*

“Em artigo publicado na Gazeta Médica da Bahia, dizia-se que, para “se conhecer a extensão que desgraçadamente vai ganhando o elemento sifilítico entre nós”, bastaria olhar as estatísticas dos hospitais, pois, no período de 1861 a 1866, mais de um terço dos doentes internados nas enfermarias de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro seria de portadores de doenças venéreas (anônimo, 1871, p.26). Segundo o mesmo artigo,a partir de tais dados “colige-se evidentemente  a expansão que vai tomando a propagação das moléstias venéreas entre nós, e quanto, continuando a expandir-se em proporção equivalente por falta de aplicação de medidas tendentes a neutralizar suas funestas conseqüências, atingirá em breve grandiosas proporções”.
Sob o impacto da guerra do Paraguai (1865-70), alarme semelhante se fazia ouvir nos meios militares. A partir da década de 1870, a grande incidência da sífilis e das outras doenças venéreas nas tropas começava também a ser enfatizada. Em 1873, João José de Oliveira Junqueira, ministro da Guerra do Império, destacava as doenças venéreas como a afecção mais comum entre os soldados, seguida numericamente pelas doenças do “aparelho respiratório e de digestão” (Araújo, 1918, p.24). Para o período 1871-73, o médico José de Góes Siqueira Filho calculava que um terço das tropas aquarteladas na Corte estaria dominado (idem). Dez anos depois, em 1883, através de uma memória apresentada à Academia de Medicina, o médico-militar José de Oliveira (idem, p.23) seria ainda mais contundente.
“Se a tuberculose representa no Exército brasileiro a maior cifra mortuária, se os embaraços gástricos não lhe cedem o passo na questão numérica, as moléstias venéreas e sifilíticas avantajam-se às duas. Pode-se, sem medo de errar, asseverar que não há um soldado nosso que não tenha uma ou mais entrada nos hospitais por acidentes venéreos. A cirurgia hospitalar do Exército é  constituída em tempo de paz pelo sem-número de blenorragias, cancros venéreos e bubões. Os acidentes secundários e terciários de  na Bahia é de juma sífilis, exostoses e reumatismo contam-se por centenas”.

A partir da segunda metade do século XIX, os médicos não denunciavam apenas a grave situação do Rio de Janeiro. O Prof. Claudemiro Caldas (1866,p.89), escrevia na Gazeta Médica da Bahia
que, “no quadro nosológico da clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina da Bahia, avulta, pelo maior número de vítimas, a sífilis”. E, em finais do século, o conhecido psiquiatra Juliano Moreira (1899,p.113) ressaltava já haver dito por diversas vezes que “a sífilis na Bahia é de uma freqüência notável”, acrescentando que, no Brasil, “!de dia em dia amplia o terrível mal o seu domínio”. O mal estaria também firmemente instalado na cidade de São Paulo, onde, segundo os estranhos cálculos apresentados por um médico paulista do século XX (Souza, 1909,p.7), havia uma média de trinta mil contaminações sifilíticas por ano, o que significava dizer que, a cada ano, 10% de seus habitantes se contaminavam”.
Assim, frente a estatísticas bastante precárias, quase inexistentes, os médicos da passagem do século, ancoravam suas denúncias sobretudo em sua experiência clínica e nos dados fornecidos pela população hospitalizada. É verdade que, ao avaliarem a extensão da doença no Brasil, alguns deles também se apoiavam no senso comum, para o qual, como revelava explicitamente Juliano Moreira (1899,p.113), o Brasil parecia ser a morada ideal da sífilis. Segundo o ilustre médico baiano, era comum se dizer “!em família”, frente a qualquer afecção “isto é gálico”. Tanto o vulgo quanto os médicos tinham a tendência, segundo dizia, a exagerar o “círculo do qualificativo”, “batizando” de sífilis !a mais banal das dermatoses parasitárias, o mais trivial dos acnes, a mais genuína blefarite, a mais simples das conjuntivites”. Segundo relatava, era “comum” se ouvir dizer: “Pois há brasileiro que não tenha a sua tara sifilítica?”. Para o referido autor, “descontando o exagero”, bem se via aí “a fórmula indicadora da disseminação do mal”.




















Nenhum comentário:

Postar um comentário