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By Ferramentas Blog

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ANTÔNIO PACÍFICO PEREIRA

ANTÔNIO PACÍFICO PEREIRA

        

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Nascido a 5 de junho de 1846, em Salvador.
Colou grau de doutor em Medicina, em 1867, pela Faculdade de Medicina da Bahia.
Foram seus colegas de turma: Augusto César Torres Barrense, Aprígio Martins Menezes, Antônio Celestino Sampaio, Jayme Soares Serva, Manoel Ignácio Lisboa e Ulysses Leonésio Pontes.Todos, como estudantes de medicina, participaram do Serviço de Saúde do Exército, durante a Guerra do Paraguai (4).
Opositor, por concurso, da Secção Cirúrgica, em 1871. Concorrente (aprovado e não nomeado) à cadeira de Patologia Externa (1874). Lente catedrático de Anatomia Geral e Patológica, em 1882. Lente de Histologia, em 1882.
Diretor de Saúde Pública Estadual.
Aluno laureado, visitou, em várias oportunidades, o Velho Mundo, onde realizou estudos médicos nas principais capitais do continente.
“Humanista e competente clínico, e tendo a medicina como verdadeiro sacerdócio, dedicava-se, exclusivamente, aos seus doentes, que dele recebiam os cuidados primorosos de sua alta capacidade e a confiança que sabia impor através do trato ameno e da dedicação que consagrava aos enfermos, que tinham a fortuna de tê-lo à sua cabeceira” (3).
Colaborou em vários jornais leigos e científicos, sobretudo na “Gazeta Médica da Bahia”, da qual foi fundador, diretor e principal incentivador, durante mais de meio século.
Por duas vezes foi diretor da Faculdade de Medicina da Bahia. A primeira, em 1884, como diretor-substituto. A segunda, como diretor eleito, de 1895 a 1898, quando renunciou, por motivos políticos.
Durante a Guerra de Canudos, transformou a Faculdade em hospital, adaptando gabinetes e salas de aula em enfermarias, de modo a atender 521 pacientes, dos quais apenas 4 faleceram.
“Anatomista, cirurgião,obstetra, clínico geral, sanitarista, professor de vaias disciplinas, humanista, enfim, um sábio, Pacífico Pereira de plena justiça há merecido o título de “Preceptor Brasilae”, que lhe foi outorgado por congresso, realizado no Rio de Janeiro, em 1922” (1).
Revela Antônio Simões: “As grande e excepcionais personalidades podem por vezes apresentar certos tiques. Pacífico, não escapou. Ele manifestava um piscar freqüente de olhos que lhe valeu em certa oportunidade um ligeiro embaraço, quando viajava num dos bondes da Linha Circular.
Olhando, descuidadamente, para o condutor do veículo, em que viajava, o mestre batera a pálpebra por algumas vezes, e o condutor que tinha uma moça nas suas proximidades pensou que ele, Pacífico, quisesse pagar a passagem da jovem desconhecida... ” (3)
O grande médico, um dos maiores do Brasil, faleceu em Salvador, no dia18 de novembro de 1922.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

1.     Magalhães Neto, José Maria de – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume II, junho de 1979.
2.     Sá de Oliveira, Eduardo de – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
3.     Simões, Antônio – Pacífico Pereira. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume VI, julho de 1985.
4.     Tavaes-Neto, José – Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.




APÊNDICE I
A ESCOLA TROPICALISTA BAIANA
(Extraído Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)




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“Embora tenha recebido esta denominação, a Escola Tropicalista Baiana, não se constituiu como uma instituição de ensino formal, mas como um grupo de médicos estabelecidos na Bahia que se dedicaram à prática de                 uma medicina voltada para a pesquisa da etiologia das doenças tropicais
que acometiam as populações pobres do país, principalmente os negros escravos. Este grupo teria se formado por volta de 1860, e o nome de Escola Tropicalista Baiana lhe foi atribuído posteriormente.
Foi, sobretudo, Antônio Caldas Coni (1952) quem popularizou a noção da importância de uma escola de medicina tropical no século XIX na Bahia. A seu ver, a medicina baiana estaria dividida em três épocas:
1ª - empírica (1500-1808), fase em que predominou a medicina de origem indígena, africana e jesuítica;
2ª -sistemas teóricos ou época pré-científica (1808-1866), fase em que houve a influência dos sistemas especulativos europeus, baseados em teorias médico-filosóficas, nascidos durante o século XVIII de autoria de
François Joseph Broussais (1772-1838 - terapêutica sanguinária), de Paul Joseph Barthez (1734-1806 - doutrina vitalista) entre outros;
3ª - científica (1866 aos nossos dias), fase em que os trabalhos de Otto Edward Henry Wucherer, John Ligertwood Paterson e José Francisco da Silva Lima foram publicados na Gazeta Médica da Bahia, demonstrando
o espírito de observação empregado na sua elaboração. Coni considerou
que esta última fase se subdividiu em 3 outros períodos: o áureo, o de decadência e o da reação de Raimundo Nina Rodrigues.
Logo, embora os chamados "tropicalistas" se voltassem para o estudo das doenças de climas quentes, ou àquelas que eles se referiam como "patologia intertropical", eles próprios (os médicos do grupo baiano) nun
 ca se autodenominaram de "tropicalistas", designação que lhes foi atribuída posteriormente.
Na realidade, este grupo de "tropicalistas" contribuiu para a reformulação do modelo até então
aceito da nosologia (classificação de doenças) brasileira, questionando os conhecimentos europeus sobre os problemas de saúde pública no Brasil. Para entender as doenças no Brasil rejeitaram o determinismo racial e cli
imatológico e a idéia de que os habitantes dos trópicos degeneravam irre
versivelmente. Defendiam a idéia de que a maioria das doenças eram universais, mas que a umidade e o calor as exacerbavam, assim como as particularizavam. Costumavam associar as doenças nos trópicos à pobre
za, má nutrição, falta de saneamento, e às más condições de vida dos escravos. Desenvolveram, assim, trabalhos originais para a época em que
foramn produzidos, especialmente descobertas relacionadas à ancilostomíase, à filariose (elefantíase), ao ainhum (alteração   nos dedos  do pé), contribuindo para promover debates sobre parasitologia, e algumas doenças como o beribéri, a tuberculose, a lepra, dracunculose e o maculo (diarréia que acometia os escravos novos).

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APÊNDICE II
COMO NASCEU A ESCOLA TROPICALISTA BAIANA
(Extraído do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil(1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz/Focruz –http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)
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A formação da Escola Tropicalista Baiana partiu das iniciativas dos médicos estrangeiros radicados na Província da Bahia - Otto Edward Henry  Wucher
er, de descendência luso-germânica, John   Ligertwood  Paterson, de origem escocesa e José Francisco  da  Silva  Lima, português. Com base em conhecimentos médicos europeus, as investigações realizadas por esse grupo seriam
expressão das novas disciplinas que surgiam durante o século XIX (anatomi ia patológica, parasitologia e bacteriologia). Contrapunham-se, assim, ao en sino médico oficial, representado na  época   pela Faculdade de Medicina da
Bahia e pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que ainda fundamen
tavam-se na teoria miasmática para explicarem a etiologia das doenças, pres supondo que o solo produzia emanações causadoras  de  doenças que acome tiam as populações. O grupo localizado na cidade de Salvador, Bahia, acaba va, assim, por desafiar atradição do ensino e da prática médica local baseada na reprodução do saber médico europeu, principalmente de origem francesa, desvinculado das    singularidades da  realidade  brasileira (PEARD, 1997  e 997BARROS, 1998). Lycurgo de Castro Santos Filho (1991), assinala que a medicina brasileira durante o século XIX,  desde  a  fundação das escolas de cirurgia em 1808, se caracterizou pela   observação   clínica, como no século anterior. Neste sentido, destaca os trabalhos dos tropicalistas" da Bahia   que teriam apontado um novo rumo, o da pesquisa da patologia, considerando-os predecessores da medicina experimental, que  se  firmaria  no Brasil a partir do médico sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz  e   do Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, no limiar do século XX.
O historiador Flávio Edler (2001) observou que a Escola Tropicalista Baiana segundo esses autores teria apresentado uma trajetória singular no panorama das instituições médicas  do período por   desenvolver   estudos baseados em disciplinas  do   ramo   das ciências naturais que só viriam a ser exploradas a partir   do   final   do século   XIX, com   a institucionalização   da  medicina fundamentada nas teorias do cientista francês Louis Pasteur (1822-1895). Edler (2001) questionou essa visão, considerando   que   desde   a criação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro em 1829, as elites
médicas, parte formada pelas faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, já vinham desenvolvendo pesquisas no  âmbito da   anatomoclínica e da higiene   voltando-se   para  alguns   ramos   das ciências naturais como a botânica, a climatologia, a  metereologia,  a  topografia. Essas pesquisas não deixavam de buscar as causas das  doenças próprias à nossa realidade climá-tica,"na identificação dos agentes deletérios ambientais (...)   e na adequação das medidas profiláticas propugnadas pela Higiene às condições nacionais" As primeiras reuniões da denominada Escola Tropicalista Baiana, ocorreram na residência de John Ligertwood Paterson, sendo quinzenais e noturnas. Posteriormente, as sessões se efetuaram   alternadamente na casa de cada um
dos três. Inicialmente além desses médicos fundadores, o grupo contou com a assistência de mais quatro facultativos: o cirurgião Manuel Maria Pires Ca ldas, o clínico Ludgero Ferreira e os professores da Faculdade de Medicina da Bahia Antônio José Alves (pai do poeta Castro Alves e professor  de ci-
rurgia) e Antônio Januário de Faria (professor de clínica médica). Participavam ainda do grupo, dois médicos   estrangeiros: Thomas  Wright Hall, que trabalhava com a comunidade britânica, e Alexander Ligertwood Paterson, irmão de John Ligertwood Paterson. Nessas reuniões, discussões científicas eram baseadas na anatomia patológica  e  no uso pioneiro de mi- croscópio no Brasil. Mais tarde, alguns estudantes   da Faculdade  de Medi- cina da Bahia como Antônio Pacífico Pereira (1846-1922); seu  irmão, Ma-  nuel Victorino
Pereira (1853-1902) e Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) integrara-se
à Escola Tropicalista Baiana, atraídos pela crítica à medicina ocidental  tra tradicional e pelas pesquisas originais desenvolvidas pelo grupo.
Embora alguns professores da Faculdade de Medicina da Bahi participassem de suas atividades, os  membros  fundadores não  conseguiram se integrar ao corpo docente dessa instituição de ensino. Portanto, a prática  e ensino dessa medicina eram exercidos informalmente no Hospital da Santa Casa da Mise- ricórdia da Bahia, e a divulgação dos estudos realizados pelo grupo era feita
através do periódico Gazet a Médica da Bahia, lançado em julho de 1866.
O nascimento da chamada Escola Tropicalista Baiana poderia ser traçado por meio da sugestão
de John Ligertwood Paterson, como um encontro informal entre quatorze médicos instalados em Salvador, que se reuniram com o intuito dediscutir assuntos de  interesse clínico,   bem   como a última literatura  médica. As discussões enfocavam os   casos  mais típicos das doenças tropicais da re-
gião. Para investigar esses  distúrbios, os   médicos   fizeram uso das mais avançadas ferramentas da medicina européia como novos métodos clínicos baseados em medidas e aplicados pela fisiologia, o uso da química na aná- lise de corpos fluidos, e das novas disciplinas de parasitologia e microsco-
pia. Embora não tenham  recebido apoio oficial nem fundos para a realiza-
ção de  seus  trabalhos, o  grupo  dos "tropicalistas" conseguiram tornar-se uma   importante   força   inovadora   na   Bahia    e na medicina brasileira
(PEARD, 1997). Isto de certa forma, foi reconhecido por alguns cientistas
brasileiros mais tarde como Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, parasitolo-     gista e discípulode Oswaldo Cruz. Ao tomar posse como professor  hono -rário na Faculdade de Medicina da Bahia em 13 de fevereiro de 1924, Cha gas ressaltou em discurso a  importância das influências recebidas da Esco
la Tropicalista Baiana nos seus estudos (TORRES, 1946). Chagas tornara-
se conhecido pela descoberta da doença produzida pelo Trypanosoma cru-
zi, que foi designada em sua homenagem de Doença de Chagas.
Fundadores e Produção Científica

Otto Edward Henry Wucherer, John Ligertwood Paterson e José Francisco da Silva Lima apontados    omo  fundadores da Escola Tropicalista Baiana costumam  ser  considerados   os introdutores da medicina experimental no Brasil (CONI, 1952).
Otto Edward  Henry Wucherer (1820 -1875), alemão nascido em Portugal, destacou-se pelos estudos sobre as cobras brasileiras e seus venenos, pelas descobertas de ancilostomíase na Bahia, e do embrião da filária (causadora da elefantíase). Wucherer, mais do que qualquer um dos outros “tropicalis- tas", forjou a identidade do grupo, elaborando os seus programas de pesqui as  e   divulgando-os    na imprensa   médica  européia (PEARD, 1997). De descendência luso-germânica, ele passou sua adolescência  no  Brasil  e  foi estudar medicina  na  Escola  de Tübingen (Wurtemberg), graduando-se em 1841. Trabalhou no St. Bartholomew’s Hospital, em Londres, e também em
Portugal antes de retornar ao Brasil, em 1843, onde   trabalhou inicialmente nas cidades de  Cachoeira e Nazareth, no interior da Bahia. Em 1847, trans- feriu-se para Salvador.
Manteve relações importantes com os parasitologistas mais destacados da época, entre os quais o alemão Wilhelm Griesinger (1817-1868), que reali zou pesquisas sobre esquistossomose (Schistosoma hematobium) no Egito. Wucherer contribuiu para o trabalho de Griesinger, pesquisando o  parasita esquistossoma na urina ensangüentada de pacientes com hematuria intertro
pical no Brasil. Em 1866, quando tentava cumprir o estipulado pelo parasi- tologista alemão, ele   descobriu um parasita diferente em fase embrionária
na urina de  pacientes, a micro-filária. Em função disso, a doença receberia mais tarde o nome de Wucheria bancrofti, em sua homenagem e ao médico australiano Joseph Bancroft (1834-1894), que descobriu a filária adulta. Neste mesmo período, descobriu a causa da doença conhecida como opila- ção e cansaço, denominada desde 1835 de hipoemia intertropical pelo Con selheiro  da  então   Academia Imperial de Medicina, José Martins da Cruz Jobim. Através de autópsia de um paciente escravo, constatou que esta do- ença, anteriormente atribuída à má alimentação e  à  condições  de   higiene precárias,  era  causada  por  um  verme  que se alojava no intestino e que, a partir de então recebeu o nome de Ancylostoma duodenale. As  descobertas de Otto Edward Henry Wucherer provocaram pol êmicas na Corte,sobretu-
do  na  Academia  Imperial   de Medicina, manifestadas principalmente por José Martins  da  Cruz  Jobim e  João Vicente Torres Homem. As hipóteses formuladas sobre as causas da hematuria intertropical e hipoemia intertropi cal dos países quentes, foram confirmadas somente mais tarde,quando Wu-
cherer foi considerado o fundador da helmintologia brasileira.
Sendo assim, em vez da nosologia (classificação das doenças) abstrata feita da combinação de vários sintomas, classificados em ordens e gêne ros como o faziam   os   naturalistas, os "tropicalistas" observavam a própria moléstia com a sua etiologia esclarecida, acompanhada do seu conjunto de sintomas. E assim, as  causas  decorrentes  do clima tropical, tais como as vicissitudes atmosféricas, os graus de calor e umidade, entre outros, foram   substituídas na nomenclatura e na medicina baiana e brasileira pelos termos ancilostomía se (antes chamada  opilação ou cansaço), filariose  (antes  chamada hemato -quilúria dos países quentes). Os  estudos sobre  a ancilostomíase e a filariose ilustraram   como  eles rejeitavam o determinismo climatológico e atacavam as etiologias ambientais.
John Ligertwood Paterson (1820-1882), nascido na Escócia, graduou-se  em medicina pela Universidade de Aberdeen, em 1841, e foi cirurgião pelo Colé  gio Real dos Cirurgiões de Londres.
Viajou para o Brasil com seus vinte anos de idade, estimulado por seu irmão mais   velho,  Alexandre Ligertwood  Paterson,  que  havia  estabelecido  um consultório com a comunidade britânica em Salvador – consultório que John herdaria em 1843, quando seu irmão morreu.
John Paterson passou a maior parte da sua vida no Brasil  como médico, em-  bora  embora tenha feito várias visitas à Inglaterra e à Escócia. Em 1869, ele trabalhou com  o cirurgião inglês Joseph  Lister (1827-1912) em Edimburgo (Escócia) e foi iniciado no método antisséptico, que ele ajudou  a  introduzir na Bahia.
Otto   Edward Henry Wucherer e John Ligertwood Paterson foram  rivaliza-  dos rivalizados pela classe médica baiana ao chamarem a atenção das autori dades públicas e da comunidade médica para as epidemias  de febre amarela de 1849 e a de cólera de 1855 que ocorreram na Bahia, sendo os
primeiros a diagnosticarem-nas.
José Francisco da  Silva   Lima (1826-1910), português,  chegou à Bahia em 1840, aos quatorze
anos de idade. Doutorou-se   em  1851 pela Faculdade de Medicina da Bahia após ter   defendido tese  intitulada: "Dissertação Filosófica e Crítica Acerca da  Força  Medicatriz  da Natureza". Durante sua longa carreira, fez diversas viagens pelos países europeus, visitando importantes centros de investigação
e mantendo a comunidade médica local informada sobre os avanços da medi cin européia. Naturalizou-se  cidadão  brasileiro em 1862. Dentre os estudos realizados, a sua pesquisa sobre o beribéri e o ainhum destacaram -se.
Já na fase de decadência da chamada Escola Tropicalista Baiana, em  torno de 1873, quando foram divulgadas as teorias de Louis Pasteur, o médico ba iano  Raimundo  Nina  Rodrigues  (1862-1906) se  incorporou ao grupo, de senvolvendo estudos anatomopatológicos. De  início, dedicandose à pesqui
sa sobre o beribéri, foi partidário da doutrina microbiana, mas abandonando a pesquisa logo depois alegou falta de estrutura suficiente (pessoal especiali zado e equipamento de laboratório) que acompanhasse as transformações da ciência   médica,   a   partir  das descobertas de Pasteur, Robert Koch (1843-  1910),  Claude Bernard (1813-1878), entre outros. Chegou a publicar artigos
na   Gazeta Médica   da   Bahia  sobre temas que faziam parte da agenda dos "tropicalistas" tais como beribéri, lepra,  informações  sobre  a  incidência de doenças  que   mais  afligiam os brasileiros e sobre a necessidade da reforma      do sistema de saúde na Bahia.
Considerando inviável a realização do exercício da medicina segundo aquele modelo médico "tropicalista", Raimundo  Nina Rodrigues afastou-se do gru-   po em 1897, depois de ter atuado como principal colaborador da Gazeta Mé- dica da Bahia, do qual foi diretor entre 1890 e 1893.
Segundo  Pedro   de Motta Barros (1998), esse desligamento de Nina Rodri- igues do grupo sinalizaria  para   o   término da chamada Escola Tropicalista Baiana. Portanto, diferentemente de Otto Edward Henry Wucherer, John Li- gertwood Paterson e José Francisco da Silva Lima que   se dedicaram a estu-
estudos   anatomopatológicos  relacionados à clínica médica direcionada aos pobres, Nina Rodrigues passou a se dedicar a estudos voltados para a biosso ciologia brasileira.”








APÊNDICE I
GAZETA MÉDICA DA BAHIA
(Extraído do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil(1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz/Focruz –http://www.dichistoriasaude.coc.fiocr
*
“A Gazeta Médica da Bahia, criada em Salvador no ano de 1866, foi um importante órgão divulgador da produção científica relacionada à patologia tropical do Brasil, tendo mo um dos fundadores o professor da Faculdade de Medicina da Bahia, Antônio Pacífico Pereira. Lycurgo de Castro Filho (1911) considerou a Gazeta “o mais importante jornal médico brasileiro do século XIX”, sendo o órgão divulgador das idéias e trabalhos produzidos por lentes da Faculdade em questão e por médicos de Salvador. Embora alguns destes não pertencessem ao quadro docente, projetaram-se como os primeiros pesquisadores da patologia tropical no Brasil (John Ligertwood Paterson, Otto Edward Henry Wucherer e José Francisco da Silva Lima), constituindo por volta de 1850, o que se chamou mais tarde, a Escola Tropicalista Baiana. Durante seus primeiros 50 anos, a Gazeta Médica da Bahia publicou trabalhos sobre beri-béri, meurose por desvios uterinos, peste bubônica, febre amarela, tuberculose e problemas dos esgotos na Bahia entre outros.
Já no segundo ano de circulação, esse periódico publicou o “Código de Ética Médica”, adotado pela Associação Médica Americana que deveria servir de norma aos integrantes da classe médica. Alegando que esse Código seria uma forma de combater o charlatanismo e corrigir os abusos que vinham sendo cometidos no exercício da profissão, seus redatores denunciavam a prática da venda de diplomas de doutor em medicina.
“Na imprensa diária de diversos países da Europa e da América, anunciava-se por este tempo a venda de diplomas de doutor em medicina do mesmo modo que se anuncia o comércio a retalho de bacalhau e de cerveja”







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