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By Ferramentas Blog

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

120- ELIEZER AUDÍFACE DE CARVALHO FREIRE (ELIEZER AUDÍFACE)

120- ELIEZER AUDÍFACE DE CARVALHAL FREIRE

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Eliezer Audíface de Carvalhal Freire nasceu em Salvador, em 28 de maio de 1911.
Terminou o curso secundário no Ginásio da Bahia de onde saiu, em 1929, para submeter-se ao concurso vestibular da Faculdade de Medicina da Bahia.
Durante o curso médico foi interno da Cátedra de Clínica Pediátrica e Higiene Infantil e da Liga Bahiana contra a Mortalidade Infantil, ambas dirigidas pelo Prof. Martagão Gesteira.
Concluiu o curso médico em 1934, continuando nos mesmos serviços, os quais funcionavam no antigo Asilo dos Expostos, hoje denominado Pupileira.
Em 1937, entrou para o serviço público, como Médico Auxiliar do Departamento Estadual da Criança.
Profissional extremamente competente, atuou em todos os Congressos Brasileiros de Pediatria, presidindo, inclusive, a Comissão Executiva dos Congressos realizados em Salvador, nos anos de 1973 e 1985.
Em 1954, por indicação do Departamento Nacional da Criança, realizou o curso de Pediatria Social, no Centro Internacional da Infância, em Paris. Em virtude de seu  desempenho, foi indicado orador oficial da turma.
Presidiu a Sociedade de Pediatria da Bahia e a Liga Álvaro Bahia contra a Mortalidade Infantil, por vários mandatos sucessivos.
Foi Professor Adjunto e, posteriormente, Professor Titular de Pediatria da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.


Publicou vários trabalhos científicos e participou de várias instituições, das quais destacamos a Academia de Medicina da Bahia, a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.
Dentre as honrarias e homenagens recebidas, registramos a “Ordem do Mérito da Bahia”, no grau de Comendador, e a Medalha “Thomé de Souza”, outorgada pela Prefeitura Municipal de Salvador.
Redator efetivo da Revista de Pediatria e Puericultura, escreveu também nos Anais da Academia de Medicina da Bahia e nos Anais do Hospital Martagão Gesteira, dos quais foi um dos colaboradores  mais atuantes.
No campo de Pediatria, sua predileção era a Pediatria Social.
Faleceu em 1991, merecendo do Padre Pereira de Souza, o seguinte elogio: “cultivava a Ciência Médica e as Boas Letras. Admirava Camus, Proust, Guimarães Rosa e Pedro Nava. Suas contribuições para os Congressos Nacionais e Internacionais eram vigorosas e sempre aplaudidas. Em Lisboa, Rio de Janeiro, Madrid ou Paris, sua voz era acatada e admirada .Sua biblioteca era maravilhosa!”

FONTE BIBLIOGRÁFICA
Souza Costa, José de – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume 9. Setembro. Salvador, 1993.


APÊNDICE I
AMAMENTAÇÃO NATURAL
(Audíface, Eliezer – A História da Pediatria na Bahia)

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“Infelizmente, não foram escritas as impressões dos médicos portugueses sobre o estado sanitário do Brasil. No seu profundo estudo sobre “Os primeiros estudos de Medicina no Brasil” – Actas Ciba – junho 1939, Dr. Eustáquio Duarte diz que os médicos portugueses que bem antes da descoberta do Brasil escreveram várias contribuições científicas, como no século XV. “ A Chronica do Descobrimento da Guiné”, de Gomes d´Azurra; “Drogas Medicinais de Malaca”, em 1561, de Antônio Pires; “Tratado das Sete Enfermidades” de Antônio Galvão e outras no entanto não se referiam à medicina e a doenças da nova Colônia.
Atribui o autor a falta de maiores notícias sobre a investigações de natureza científica no primeiro século do Brasil à hipótese do extravio dos documntos pelos dominicanos e jesuítas e Carlos Furtado no “Os Portugueses do século XV-XVI e a História Natural do Brasil” (1926)... demonstram que a Inquisição destruiu tantas obras portuguesas de observação e pesquisa na fase colonizadora, inclusive as obras de Pedro Nunes.
Coube a médico holandês Piso, nos seus trabalhos, os primeiros estudos de ginecologia, obstetrícia e Pediatria no Brasil.
As admiráveis apreciações acerca dos cuidados de mãe européia à criança da primeira idade, em confronto com os dispensados pela mãe indiígena, anotando o alto índice de mortalidade infantil entre os colonos, em singular contraste com o que se verificava entre os índios e negros. Atribuía Piso a causa dessa diferença ao fato da mulher européia fugir à amamentação prolongada, abandonando-a precocemente, por imposição de seus hábitos e obrigações sociais. Enquanto isso, as índias e as negras com o seu “leite salubérrimo”, amamentavam os filhos por longo tempo. Nunca antes dos dois anos as crianças deixavam a lactação e devido a esse hábito eram dificilmente acometidas de doenças graves.
Outro hábito que Piso censurava nas mães européias, incluindo-o como fator de morbidez: o de envolver os recém-nascidos em panos, em faixas apertadas, dificultando-lhes a transpiração enquanto que as índias habituavam os filhos à nudez desde o nascimento, acostumando-os frequentemente.
Os estudos de Piso ligados à medicina infantil levaram-no a pesquisas necrológicas. Pela autópsia pôde o cientista holandês constatar a frequência de verminoses na infância, fazendo informações preciosas para a época da parasitose por Ascaris lumbricóides


APÊNDICE II
A MEDICINA INDÍGENA
(Audíface, Eliezer – A História da Pediatria na Bahia)

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“O tratamento das doenças pelos índios era praticado pelos pagés, com o emprego da flora brasileira.
“Os colonos mais aprenderam com os índios a arte de curar”, --  informa Aníbal Cardozo – Ornitologia Fantástica de los Conquistadores”. Os jesuítas, maravilhados com os processos simples de cura aqui encontrados, empregaram todo o tempo em copiar “La Medicina que usaban los indígenas” e J. Magalhalhães Gandavo assevera que neste ponto o povoador branco sofreu aqui uma espécie de retração cultural e Bertoni anotou num confronto entre a medicina indígena e a dos homens civilizados “ “cujo empirismo ofereceu ainda no século XVI os aspectos mais absurdos de práticas bárbaras”.
Numa comparação com a medicina portuguesa, mesmo já no século XVIII, como se comprova com a riqueza de conhecimentos dos tupis e guaranis, o Dr.Francisco Transmontano usava nas suas receitas: urina de doente para curar mau olhado; urina quente de homem, ou de burro e jasmilm de cachorro para curar infecções e, outro exemplo de uma fórmula do Brás Luiz: enxúndia de pato, olhos de minhocas, água Benedita de Rolando, olhos de caranguejo e esterco de rato fresco.
Exclamava Frei Caetano Brandão, Bispo do Pará: “Preferiam tratar com os tapuias no sertão”. Conta Luiz Edmundo: “dizia o dezembargador Brochado: “Curavam por ignorância e matavam por experiência”.
Os índios brasileiros tratavam seus doentes, crianças e adultos, com medicamentos de origem do reino animal: raspas de chifres de veado, couro de sapo (Pipa cururu), chocalho de cascavel, esmegma; e principalmente, do reino vegetal, base de toda medicina indígena: plantas (Euphorbia cotinifolia), algodão  (Gossypium vitifolium), hervas (Tilandsia recurvata) nas fraturas; raízes (Piper  nodosum) na dor de dentes, suco de ambauva (Cecropia) nas doenças dos olhos e na erisipela e muitas outras ainda usadas atualmente e que enriqueceram a nossa flora medicinal.
No nosso “Systema Medicae Vegetabilis Brasiliensis” estão representadas 470 plantas medicinais, pertencentes a 226 gêneros.
As primeiras obras sobre a medicina no Brasil são de dois holandeses: Guilherme de Piso (já citado) e Georges Marigrave: a “Medicina Brasiliensis” e a “História Naturalis Brasiliae”
O negro trouxe para o Brasil a sua esquisita panacéia de que sobram ainda algumas marcas menos claras. “Mas a ele, o africano, não foi fácil a imposição de sua estranha terapêutica animalística, repulsiva opoterapia de chocante contraste com a singela e acessível meizinha, poçanga do índio”.
E assim, durante longo tempo, mais de três séculos, viveram os habitantes do Brasil, adultos e crianças, atendidos por médicos improvisados, cirurgiões-barbeiros, curandeiros e rezadores, acometidos de doenças mais graves e entregues à sua própria sorte”
 


 

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