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By Ferramentas Blog

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

117- EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO (PETHION DE VILLAR)

117- EGAS MONIZ BARRETO DE ARAGÃO
(PETHION DE VILLAR)




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“Sei tudo e nada si; vazio o Céu profundo!
- “Ama”; pede Jesus, - “Pensa”, manda Descarte
Do formidável X tentando ver o fundo,
Noite e dia a Ciência às descobertas parte!”
                                                      
                                                   Pethion de Villar


Nasceu em Salvador, em 4 de setembro de 1870, sendo seus pais Francisco Moniz Barreto de Aragão e Ana de Lacerda Moniz de Aragão.
Iniciou os estudos com uma precepetora de nacionalidade suíça, continuando-os nos Colégios São José e Marquês de Santa Cruz.
Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual diplomou-se em 1895.
No mesmo ano de 1895, entrou no Ginásio da Bahia, onde lecionou francês (idioma do qual era profundo conhecedor), inglês e alemão. Em 1900, conquistou a cátedra de Alemão.
Ainda estudante, fundou duas revistas: “Revista Acadêmica” e “Renascença”, onde deu expansão à  veia poética e literária.
Em 1911, integrou, após brilhante concurso,  o corpo docente da Faculdade de Medicina da Bahia, como professor extraordinário de História Natural Médica. Passou a professor substituto, da mesma disciplina, em 1924. Lecionou, durante muitos anos, no curso de Farmácia, anexo à faculdade.
Foi eleito deputado estadual, em 1921 e 1923.
Além de médico, foi poliglota respeitado, jornalista, homem de letras, historiador, educador e, acima de tudo, poeta.
Na senda das letras, usava o Pseudônimo de Pethion de Villar. No “Diário de Notícias”, mantinha uma coluna humanística, com o pseudônimo de Diavolina.
Foi um dos fundadores da Academia de Letras da Bahia.
Como homem de ciência, fez parte de inúmeras instituições científicas, e publicou alentada bibliografia, em periódicos do Brasil e do exterior.
Empreendeu várias viagens à Europa e, no Velho Mundo, divulgou a literatura brasileira.
Comenta Loureiro de Souza: “Grande poeta, sem dúvida. Os seus versos, inspirados e perfeitos, têm “a imponência das florestas brasileiras” – como disse Remy de Gourmont, ao que aduziu, com muito acerto, e com indisfarçável entusiasmo, Philéas Lebesgue: “versos de prestigiosa originalidade, têm o sabor americano, em que alguma coisa de hindu, de ramayanesco se harmoniza bizarramente a mais enérgica altivez do Ocidente” (3).
Dentre  suas poesias, destacamos “Eterna Incógnita”, “Improviso”, “Um laço de Fita”, “Bilhete Postal” , além de outras.
Faleceu aos 54 anos de idade, em Salvador, na mesma casa onde nasceu.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Góes de Araújo, Antônio Paulo– Pethion de Villar . Disponível em http:// www.jornaldepoesia.jor.br/pvi.html. Acesso em 29 de janeiro de 2009.
2.     Lacaz, Carlos da Silva – Vultos da Medicina Brasileira, São Paulo, 1966.
3.     Loureiro de Souza, Antônio. Baianos Ilustres,Salvador, 1973.
4.     Sá Oliveira, Eduardo. Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.


               APÊNDICE I
             O HINO AO SENHOR DO BONFIM
 Do livro O Trancelin da Baiana, de Tasso Franco

*
                                                          
“Nas comemorações do centenário da Independência da Bahia, em 1923, a Devoção encomendou ao poeta Pethion de Villar, pseudônimo o Dr.Egas Moniz Barreto de Aragão a letra oficial de um hino ao Senhor do Bonfim, musicada pelo  maestro Remígio Domencech. O problema foi que a Comissão dos Festejos do Centenário também encomendou um hino a Arthur de Sales, com música do maestro João Antônio Wanderley, e este o povo gostou e vingou até hoje."

                                                                       
    APÊNDICE II
               “A ORGULHOSA”
(D                                                   http://www.secrel.com.br/j´poesia/tf02.html       
                                                                                               *
“Trasíbulo Ferraz Moreira, nasceu em 28 de janeiro de 1870, em Lençóis,na Chapada Diamantina, era filho do tenente Espiridião Ferraz Moreira e de d. Maria Amélia F. Moreira; ainda criança com a família deslocou-separa a cidade de Cachoeira. Freqüentou as faculdades de Direito do Recife e da Bahia, até o quarto ano, não concluindo o curso por moléstia pulmonar, de que faleceu em plena florescência de seu talento. Redator-chefe da Gazeta de Notícias, militou na imprensa diária de Salvador, lado a lado com a literatura, publicando poesia, contos e crônicas. Com a sua morte, seus amigos tiveram a iniciativa de reunir alguns de seus versos numa coletânea sob o título de Poesias, com o prefácio de Evangelista Pereira, em edição de uma gráfica da cidade de Amargosa, no interior do Estado, em 1900. Da sua autoria é, ainda o volume de contos Poliformes (1896).
Naquela época era comum encerrar as festas com alguém declamando uma poesia acompanhado pelo piano. A poesia A ORGULHOSA, tem a sua história; por sinal em duas versões:
A primeira, de ter sido improvisada no baile de formatura de outro poeta – Pethion de Vilar. Reza a crônica oral que a recepção oferecida pelos pais de Pethion, diplomado em Medicina, naquele ano de 1895, já estava pela metade da noite quando, instado pelo próprio Pethion, seu velho amigo de jornalismo, banco acadêmico e vida literária, Trasíbulo, que chegara quando a festa já ia ao meio, e como sempre, descabelado com traje surrado e calçado com cadarço desamarrado, havia se recolhido à sacada de uma das janelas do palacete que dominava o largo de São Pedro, ensismado e abatido com a recusa que sofrera por parte de uma das irmãs de Pethion, quando ele se dirigira e a convidara para uma contradança. A jovem, que alegara para efeito de recusa o fato de se achar indisposta, momento depois, aceitava o convite de um dos seus primos.
Não só Pethion, mas, praticamente todos os convidados, exigiram que Trasíbulo declamasse. Não o fez, no entanto, acatando as sugestões feitas de algumas suas conhecidas e inúmeras poesias. Dispôs-se a fazer um improviso do que se valeu seu amigo Pethion para, previamente, munir-se de papel e tinta a fim de registrar os versos que tornariam famosos.
Ao final, a jovem que acompanhara ao piano, debruçou-se desfalecida sobre o teclado, sendo logo socorrida. A jovem, não era outra senão a que lhe negara a contradança.
A segunda versão situa o poeta Trasíbulo Ferraz em período de férias, em casa de parentes em Lençóis. Focaliza um baile como tendo sido em dos salões elegantes daquela cidade, ocorrendo a recusa da contradança por parte de uma das filhas de Domingos de Almeida, figura de expressão local. A cópia dos versos teria sido objeto de iniciativa de um de seus amigos de faculdade e companheiro de banca de jornal, Américo Pinto Barreto Filho.
A primeira versão é a mais convincente do ponto de vista de que o poeta só procurou o convívio familiar quando de sua doença, pois preferia a vida em Salvador, mesmo quando em férias da faculdade, de vez que, além do jornal, havia a vida boêmia para absorvê-lo.


                                      A ORGULHOSA 
Num Baile
Ainda há pouco pedi-te,
Pedi-te para valsar...
Disseste - és pobre, és plebeu;
Não me quiseste aceitar!
No entretanto ignoras
Que aquele a quem tanto adoras,
Que te conquista e seduz,
Embora seja da "nata",
É plena figura chata,
É fósforo que não dá luz!
Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha;
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.
Deixa-te disso, olha bem!
A sorte dá, nega e tira;
Sangue azul, avós fidalgos,
Já neste século é mentira.
Todos nós somos iguais;
Os grandes, os imortais;
Foram plebeus como eu sou.
Ouve mais esta lição:
Grande foi Napoleão,
Grande foi Victor Hugo.
Que serve nobre família,
Linhagem pura de avós?
Se o sangue dos reis é o mesmo,
O mesmo que corre em nós!
O que é belo e sempre novo
É ver-se um filho do povo
Saber lutar e subir,
De braços dados com a glória,
Pra o Pantheon da História,
Pra conquista do porvir.
De nada vale o que tens
Que não me podes comprar;
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar!
És fidalga? - Sou poeta!
Tens dinheiro? - Eu a completa
Riqueza no coração;
Não troco uma estrofe minha
Por um colar de rainha
Nem por troféus de latão.
Agora sim, já é tempo
De te dizer quem sou eu,
Um moço de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu,
Um lutador que não cansa,
Que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é,
Lutando pelo direito,
Pra esmagar o preconceito
Da fidalguia sem fé!
Por isso quando me falas,
Com esse desdém e altivez,
Rio-me tanto de ti,
Chego a chorar muita vez.
Chorar sim, porque calculo,
Nada pode haver mais nulo,
Mais degradante e sem sal
Do que uma mulher presumida,
Tola, vaidosa, atrevida.
Soberba, inculta e banal.

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